Não espere ficar gripado

Por Catharina Taumaturgo

Uma tarde cheguei em casa e me olhei no espelho com cara de desaprovação, e pensei: Que raio é esse dessa tal de gripe que mexe tanto assim com a gente de uma hora pra outra?
O Espírito Santo, como sempre, me respondeu, sussurrando docemente ao meu coração: “O que te mata, geralmente, é o que é tão pequeno, que você nem vê. ”
Aí todo meu pensamento que era meramente a nível físico, viajou lá pro espiritual. Porque é assim que o Senhor gosta de fazer: Ele usa o simples cotidiano pra ensinar as profundezas eternas.
Comecei a pensar em quantas vezes coisas “pequenas” me derrubaram espiritualmente, justamente porque eu as considerei tão pequenas, ao ponto de achar que não precisava me proteger delas. Besteira. Sábio é quem sabe que se tropeça mesmo é em pedrinha. Mas a gente foi ensinado errado. A gente foi ensinado pela religião. E só quem vence as barreiras da religião e mergulha no evangelho do Reino, descobre a diferença do que se vive. E que, o que é pequeno, importa.
A religiosidade classifica tamanho de pecado. Jesus, não. A religião nos ensina que não podemos matar. Jesus nos ensina que não podemos nem odiar. Aprendemos com a religião, mas ainda precisamos aprender muito com Jesus. Tem muita gente derrubada por vírus da alma, pequenos, aparentemente inofensivos, mas, que agem fatalmente.
São pequenas permissões. Hoje, você solta um pouco as rédeas da sua carne pra fazer algo que a satisfaz. Mas só um pouquinho. Só hoje. Só uma vez. E, quando vê, você domestica um pecado que, uma hora, te avança e leva ao chão. Hoje, você não vigia sua boca e conta uma “pequena mentira”. Amanhã, você precisa contar uma maior pra confirmar esta e, quando percebe, está numa bola de neve de enganação, e já não vê saída. Hoje, uma mulher casada, dá o seu ouvido pra se cativar pelo elogio e cortesia de outro homem. Ou um homem casado que empresta seus olhos pra uma aparência bonita que é melhor “novidade” que a sua esposa. Amanhã, está ilusoriamente apaixonado (a), e cai em adultério.
Nada começa grande, aprendi. Seja bom, seja ruim. Tudo é uma construção. Até minha gripe. Começou com um nariz trancado, depois uns três espirros, dor no corpo, cabeça, e febre. Assim é o pecado e a ruína espiritual. Começa com uma negligência, depois, uma permissão, depois, procrastinação em consertar as primeiras violações, que são seguidas de outras, e outras, e outras. Quando nos damos conta, estamos jogados em um sofá sem forças. Estamos nos olhando no espelho, totalmente frustrados. Nos encontramos vencidos por algo que nem vimos. Que nem percebemos. Foi o pé descalço no chão gelado. Foi sair da casa quente pro sereno frio. Foi o banho de chuva a caminho de casa.
Isso me fez mergulhar também. Pensar que, por eu estar gripada, alguém tomar do meu copo, seria perigoso. E é assim da mesma forma na vida espiritual. Talvez eu tenha ido longe demais nas minhas reflexões, mas me lembrei que Jesus é a água da vida. E eu e você somos o copo que servimos Ele às pessoas.
Mas, se o copo está contaminado com um vírus, quem tomar dele, vai se contaminar também. Quando sua vida é contaminada, as pessoas não podem beber do seu Jesus.
“É melhor obedecer do que sacrificar”. Bem aventurados seríamos se vivêssemos essa verdade.
Mas enquanto é só um espirro, a gente nem dá bola. A gente espera ser derrubado. A gente espera a febre de 39 graus. Enquanto é “só” olhos vendo o que não devia, vamos avançando, e testando nossos limites. Quando estamos à beira do abismo, queremos consertar.
Minha gripe do mês passado me ensinou que ir pela cobertura, apesar de ser o caminho mais longo, semanas atrás, podia ter me evitado um montão de coisa ruim. Mas o problema é esse.
Eu sempre encarei o processo de santificação na vida de uma pessoa com a seguinte cena em mente: Alguém que caiu em cima de um cactos, e se encontra cheio de espinhos, e agora, começa a ter um por um removido pelo Espírito Santo. A questão é que os espinhos maiores são mais fáceis de tirar. São mais visíveis.Dá pra puxar com mais segurança. Dói menos. São arrancados primeiramente, porque são os mais “alarmantes”. Mas os pequenos também podem matar. Os pequenos torturam, incomodam, machucam. Mas, geralmente, eles são os últimos a serem encontrados, e retirados.
O Espírito Santo hoje quer remover os nossos pequenos espinhos. Aquele que, às vezes, ninguém vê, mas está cravado no nosso caráter. Aquela coisa aparentemente inofensiva, mas totalmente corrupta. Chega de lutar apenas contra os pecados que os outros veem. A quem queremos agradar? Chega de tratarmos meramente a ação, e não a intenção. Chega.
Muito mais do que o que os olhos veem, o que precisamos verdadeiramente curar é o que só Ele vê, e só Ele pode: O nosso coração.
O pequeno pode se tornar gigante, se tratado como pequeno. Vigie cada espirro que sua alma dá…
Não espere ficar gripado!

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